Asas Caídas e Um Serrote Santo

Asas Caídas e Um Serrote Santo

Asas Caídas e Um Serrote Santo

(um poema de infância)

Vestiram-me de anjinho, tão pura ilusão,
Com asas de nuvem e auréola em botão.
Mas logo senti — oh, cruel aflição —
Um aperto no ventre, e não era emoção!

As asas pendiam num triste desmaio,
E eu, a tentar ser do céu um ensaio,
Só queria correr, fugir do ensaio,
Ou encontrar um cantinho num raio...

Ao lado, um menino de nome elegante,
Vestido de santo — mas era chocante!
Gritava entre lágrimas: “Serrote, não quero!”
(Soube depois... era São Roque sincero!)

Caiu o candelabro, voou o decoro,
E eu com vontade de gritar no coro.
A cara zangada ficou para a história,
Num retrato que guarda tão viva memória.

Hoje sorrio (e quase choro a rir)
De asas caídas e vontade de fugir.
Pois mesmo nos dias de glória falhada,
Há graça e ternura na infância encantada.

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