TU E ELA (Diálogo com Natália Correia)

 

TU E ELA (Diálogo com Natália Correia)

TU:
Natália, mulher de lava e estrela,
que dizes tu à minha alma que espera?
Sonhei com um anjo — trapalhão, de asas tortas —
e ele roubou-me o coração à beira da primavera.

NATÁLIA:
Ah, mulher de marés interiores,
não chores pelo que te foi roubado —
o amor, se for de verdade, é ousadia,
não se deixa prender, nem por anjos encantados.

TU:
Mas e a ternura? Essa doçura funda,
que se dá sem conta, sem medo nem razão?
Não é ela também semente de poesia,
mesmo quando o poema se desfaz na palma da mão?

NATÁLIA:
É sim — mas lembra-te:
o amor que se entrega sem altar, sem nome,
é o mais sagrado dos ritos da vida.
E não há templo mais verdadeiro
do que o corpo de uma mulher erguida.

TU:
Então escrevo? Mesmo quando me dói?
Mesmo quando a memória pesa mais do que o agora?

NATÁLIA:
Sobretudo aí, minha irmã de palavras.
Escreve como quem rasga o silêncio —
com gozo, com ira, com amor, com demora.
Porque a poesia é o grito da alma
que não aceita viver quieta nem morta.


 

 

Dia memorável em que a Natália Correia Visitou o nosso cantinho Tu e eu e em que ela gentilmente acedeu a trocar a sua cigarrilha por um belo charuto Monte Cristo

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